Como criar seu roteiro de descarbonização e transformar visão em ação
Desde 2021, a iniciativa Science Based Targets (SBTi) tem registrado um crescimento exponencial na quantidade de empresas que se comprometem com as metas de redução de emissões. No final de 2021, mais de 2.200 empresas estavam trabalhando junto com o SBTi para desenvolver metas, o que equivale a mais de um terço do valor de mercado da economia global. Hoje, este número quase dobrou, chegando a 4.200 empresas.
Estes índices de compromissos e aprovações de metas são promissores, mas o estabelecimento de objetivos é apenas o primeiro passo de uma jornada de descarbonização mais abrangente. Se antes a definição de propósitos bastava para as partes interessadas — entre as quais investidores, clientes, ONGs e funcionários — atualmente é preciso ir além. Isso requer a criação e divulgação de um plano detalhado, demonstrando como a empresa planeja atingir seus marcos interinos, as metas e as demonstrações de progresso.
A ação climática é complexa, pois não existe uma solução única para todos. Entretanto, criar um roteiro de descarbonização específico, adequado aos desafios, aos pontos fortes, às condições, à indústria e as regiões geográficas das empresas é um requisito geral para que se atinja qualquer meta de redução de emissões.
O uso do termo "roteiro" ou "viagem" como referência ao processo de descarbonização corporativo é intencional, pois envolve tanto o planejamento a curto quanto a longo prazo, que deverá mudar ao longo do caminho. Os passos abaixo ajudarão as empresas a desenvolverem um roteiro elaborado para atingir as metas e aumentar a capacidade de comunicação dos planos para as partes interessadas nos âmbitos interno e externo.
Passo 1: Estabelecer os parâmetros e padrões de referência
Uma vez estabelecidas as metas, começar a colocar em prática as soluções que reduzam as emissões pode parecer um próximo passo óbvio. Contudo, até que você tenha uma ideia clara de onde seu negócio está hoje e onde aspira estar no futuro, será difícil saber quais ações serão as mais econômicas e impactantes. Para começar, dê um passo atrás e:
- Estabeleça quais são as emissões atuais e as projeções futuras de GEE, incluindo quaisquer mudanças previstas no negócio (tais como aquisições ou desinvestimentos planejados).
- Identifique os pontos principais de emissão na empresa ou em sua cadeia de fornecimento.
- Verifique qual a sua posição entre os líderes mais avançados e atrasados em sustentabilidade em sua indústria.
O estabelecimento de uma base clara é crucial para o desenvolvimento de um plano detalhado, que vise a atingir as metas de redução das emissões e implementar soluções no momento certo, em uma ordem que favoreça os melhores resultados. Por exemplo, se uma empresa que tem a ambição de utilizar 100% de energia renovável, deve primeiro considerar como reduzir o consumo de energia através de medidas de eficiência e economia, de acordo com os “pontos quentes” pontos principais identificados. Isso evita a obtenção de mais energia renovável do que a necessária.
Além disso, para a maioria das empresas, comparar onde você se encontra hoje em relação às concorrentes pode ajudar também no estabelecimento de metas para sua trajetória de descarbonização. Verifique as empresas de sua área de atuação, que se destacam em sustentabilidade, e analise suas ações. Em seguida, pergunte: sua equipe aspira igualar essas ações ou ir além, para se tornar líder no setor? Também vale a pena fazer o mesmo exercício de benchmarking no que tange às empresas que encabeçam as listas de sustentabilidade — mesmo fora do escopo de sua indústria. A partir daí, você deverá ter uma noção melhor de onde está e aonde quer chegar.
Para ajudar no benchmarking e alinhar as ações necessárias para chegar onde você quer, desenvolvemos uma ferramenta: estruturas para uma descarbonização básica, aperfeiçoada e mais abrangente rumo ao net-zero. Explore este guia interativo para obter mais informações sobre as metas a serem estabelecidas e os passos a serem tomados, além de como implementá-los em sua organização.
Passo 2: Identificar inibidores e aceleradores
Encontrar obstáculos é natural e esperado ao longo de uma jornada de descarbonização. As complexidades da estratégia corporativa apresentam desafios únicos ao cortar emissões, fazer a transição de fontes de energia ou redirecionar investimentos.
Uma estratégia empresarial de descarbonização não pode ser mantida em um silo de no âmbito da equipe de profissionais de "sustentabilidade" da empresa. Na tomada de decisões sobre descarbonização, há aspectos a serem considerados em todos os níveis da organização. Por exemplo, ao tomar decisões sobre onde cortar as emissões, leve em conta quantas equipes ou instalações terão que ser avaliadas. Embora a análise do escopo e a implementação de medidas possam complicar o processo, é importante prever rapidamente onde pode haver obstáculos que possam inibir o progresso, de modo que haja tempo suficiente para possíveis ajustes.
Todavia, existem fatores de aceleração ou alavancas de descarbonização que as empresas podem utilizar para manter a dinâmica. Avaliar quais recursos já existem ou podem ser postos em prática dentro das estruturas de governança da empresa, investimentos ou modelos de negócios, por exemplo, pode ajudar a traçar um roteiro de descarbonização bem-sucedido.
A identificação precoce de potenciais armadilhas e alavancas resultará em um processo de tomada de decisão abalizado, durante toda a jornada.
Passo 3: Avaliar os diversos cenários de descarbonização
O desenvolvimento de uma estratégia de descarbonização está intrinsecamente arraigado na gestão da mudança. Como há muitas variáveis a serem consideradas no que tange a um clima em mudança, é importante que o roteiro de descarbonização também seja adaptável e leve em conta uma série de cenários climáticos potenciais.
Reforçar essa resiliência no âmago de uma estratégia de descarbonização exigirá uma avaliação honesta, tanto interna quanto externa, dos riscos e oportunidades que os negócios podem enfrentar com as mudanças climáticas. A referência a estruturas de orientação, como a Força-tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD, em sua sigla em inglês), pode ajudar a estruturar este processo iterativo de avaliação e quantificação de riscos. Não se trata apenas de saber o que pode mudar, como também de entender como as mudanças afetarão o plano de descarbonização e que ajustes precisarão ser feitos rumo ao caminho certo.
Passo 4: Criar um plano de execução
Criar um plano de execução requer a transformação de estratégias em táticas. Um plano de execução eficaz só é possível quando se identificam o ponto de partida, os objetivos finais, os potenciais obstáculos e as ferramentas de aceleração. Uma estratégia cuidadosamente elaborada apoiará o desenvolvimento de um plano de execução que seja ao mesmo tempo tangível e realista. Ainda que possa ser tentador demonstrar ambição no que diz respeito às tecnologias novas e inovadoras, é importante manter o equilíbrio, com etapas práticas, e traçar projetos mais fáceis, que levem a ganhos marginais. Com isso, haverá melhorias significativas no desempenho. Um plano bem executado apoiará o uso oportuno de estratégias, para a obtenção de resultados que atendam às metas e demonstrem compromisso com as principais partes interessadas.
Como usar um roteiro de descarbonização na transição de metas para os resultados
O desenvolvimento de um plano de descarbonização é complexo e requer a consideração cuidadosa de muitas peças variáveis. Mas ele dará aos líderes empresariais e às partes interessadas externas a confiança de que as metas serão alcançadas.
Embora uma empresa possa saber por que quer se descarbonizar e até mesmo quando deseja atingir suas metas, dar o próximo passo para saber como chegar lá é onde começa o verdadeiro trabalho. A equipe da Schneider Electric pode ajudar a guiá-lo nessas etapas, avaliar a situação específica de sua empresa e acelerar o desenvolvimento de suas metas, para que seus resultados sejam impactantes.